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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012


Review Resident Evil 2
10Nota
Visual e áudio:10/10
Jogabilidade:10/10
Trama:10/10
História multifacetada | Personagens mais humanos | Jogabilidade melhorada | Gráficos bonitos e bem trabalhados
Momentos fáceis demais


No mundo dos games, é difícil pensar em um título que se aproxime do perfeito, que não possua falhas ou que, pelo menos, tenha qualidades que compensem totalmente os pontos negativos. Na franquia Resident Evil,a qualidade de RE2 é um dos poucos pontos unânimes. Por mais que ele não seja seu game favorito, é impossível negar suas qualidades.
O título, lançado em 1998 após um desenvolvimento turbulento, chegou às lojas para se tornar o maior sucesso individual da franquia. Até hoje, quase 15 anos depois de seu lançamento,Resident Evil 2 ainda é game da série mais vendido em um único console, acumulando 4,96 milhões de unidades comercializadas apenas em sua versão PlayStation.
Tal sucesso se deve a uma combinação impressionante de conhecimento técnico, narrativo e visual, que levou o primeiro console da Sony aos seus limites, deu um novo patamar à narrativa em video games e deixou os fãs absolutamente impressionados. Não é a toa que, até hoje, Resident Evil 2 é considerado um dos melhores, senão o melhor, game da franquia.

Gente como a gente

No segundo jogo da série, a ameaça biológica que antes estava confinada aos corredores da Mansão de Spencer agora aparece de forma generalizada, tomando conta das ruas de Raccoon City. Com uma história passada três meses depois dos incidentes do título original, Resident Evil 2 traz dois personagens com rápida identificação com o público: Leon e Claire.
Ele, um policial novato que está chegando para seu primeiro dia de trabalho, e ela, uma jovem estudante em busca de seu irmão, são pegos de surpresa pelo apocalipse zumbi da cidade. Apesar de habilidosos, ambos passam longe de serem os soldados treinados que vimos no primeiro Resident Evil.
Para aumentar ainda mais o laço entre jogador e personagem, a Capcom lançou mão de temas que são familiares a qualquer um de nós. A atração romântica por uma misteriosa e bela mulher é um dos assuntos principais da campanha de Leon, enquanto Claire passa a se preocupar não apenas com a própria sobrevivência como também com a da garotinha Sherry Birkin, filha dos cientistas responsáveis pelo incidente na cidade. É impossível não se colocar no lugar deles e imaginar o que faríamos diante da mesma situação.
Review Resident Evil 2
Ainda no campo da narrativa, Resident Evil 2 ampliou uma noção que já existia no primeiro game da série, mas que não havia sido tão bem utilizada pela Capcom. Aqui, as tramas dos dois personagens acontecem de forma simultânea, com as decisões de um deles influenciando a história do outro. Tudo se desenvolve por meio de comunicações entre os dois e a história só está realmente completa após você ter jogad ambos os lados.
Apesar desse tom mais intimista, o segundo game da série traz uma trama bem maior e mais elaborada que a do seu antecessor. Finalmente conhecemos o tamanho das garras da Umbrella Corporation e percebemos, mais uma vez, que ela é capaz de tudo para proteger sua propriedade. Mesmo que isso signifique condenar uma pequena cidade ao inferno.
Raccoon City se tornou o marco zero da saga, e isso se deve, principalmente, a Resident Evil 2. A influência do game é tamanha que sua historia acabaria sendo expandida e recontada inúmeras vezes no futuro, permanecendo viva na série mesmo após o fim da Umbrella e à globalização do terror biológico.

Mais amigável e divertido

Os atrasos no desenvolvimento de RE2 – que chegou ao mercado quase um ano depois do previsto e teve sua produção reiniciada quando já estava quase pronto – fez muito bem para o game. Apesar de utilizar a mesma engine do primeiro game da série, todo o tempo extra para criação permitiu que dinâmicas muito mais fluídas e controles bem apurados chegassem ao PlayStation.
Em todos os aspectos, é uma evolução do primeiro Resident Evil. A jogabilidade é muito melhor e os movimentos dos personagens se tornaram mais leves. Desviar dos zumbis, antes uma tarefa apenas para experts, se tornou simples com a ajuda de controles bem programados e um design de cenários que sabe desafiar o jogador.
Aqui, a opção de desviar ou atirar se tornou uma escolha real. Apesar de ainda serem apertados e passarem uma sensação de clausura, os corredores da delegacia de polícia e instalações subterrâneas permitem que o jogador se esprema pelos cantos e tente correr. Muitas vezes, você se verá surpreendido quando a opção de fugir parece simples, mas na prática, é muito mais complicada.
A Capcom também deu mais poder ao usuáario por meio de um arsenal variado de armas e mais munição espalhada pelos cenários. Agora, é possível não apenas coletar uma grande quantidade de equipamentos como também melhorar alguns deles, utilizando peças encontradas por aí. Esse aumento de poder veio acompanhado de uma maior quantidade de zumbis e criaturas mais fortes.
Ainda assim, muitos podem considerar Resident Evil 2 uma aventura mais fácil que a anterior. E isso é verdade, até certo ponto: caso você tire de letra a aventura na Mansão de Spencer, com certeza achará a exploração pela delegacia um passeio no parque. O game, porém, compensa essa aparente facilidade com um sistema de rankings – que premia o jogador caso ele cumpra requisitos especiais – e a presença do T-103, um perseguidor que não te deixará em paz.
Aquilo que já era perfeito em Resident Evil, porém, não foi modificado aqui. O gerenciamento de munição continua sendo uma questão importante, assim como o bom uso dos baús espalhados pelo cenário. Devido à maior quantidade de armamentos, porém, ambas as questões ganharam uma importância a mais. Será que aquela batalha contra um chefe é o momento ideal para descarregar sua arma mais potente, ou é melhor guarda-la para futuras necessidades?

Longas horas que você nem vê passar

RE2 também apresenta um fator replay bastante inteligente. Assim que a primeira aventura com um dos personagens é terminada, o “outro lado da moeda” é liberado. Apesar da nova história envolver os mesmos elementos da anterior, ela ganha contornos completamente inéditos ao levar o jogador por novas áreas e coloca-lo diante de inimigos inéditos. Apenas assim, também, o verdadeiro final do game pode ser conhecido.
Review Resident Evil 2
Dois extras também podem ser habilitados e levam a trama de Resident Evil 2 adiante. O destaque aqui é para The Fourth Survivor, que introduz HUNK, personagem que acabaria se tornando um dos mais queridos pelos fãs devido a todo o mistério que o envolve. Em versões posteriores, a Capcom criaria ainda a mãe do modo Mercenaries, o modo Extreme Battle, que transforma a jogabilidade em uma corrida frenética pela salvação.

Sem “atores” desta vez

Em uma tentativa de afastar o ar de filme ruim do primeiro game da série, os desenvolvedores da Capcom preferiram utilizar CGs para contar a história de Resident Evil 2. As animações dão o tom da história de forma magnífica, contando fatos-chave e acabando para sempre na memória dos fãs. Até hoje, o confronto entre a tropa de HUNK e um William Birkin transformado é lembrado como um dos grandes momentos da franquia.
Para profissionalizar o game ainda mais, a Capcom também recorreu a um grupo de dubladores experientes. No mundo dos games, esse tipo de trabalho ainda estava começando a ganhar forma e Resident Evil 2 acabou sendo um dos grandes responsáveis por mostrar o quanto esse aspecto é importante.
Durante o jogo em si, os gráficos também impressionam, quase levando o PlayStaton a seus limites. Fazendo malabarismos com as capacidades do console, a Capcom conseguiu incluir elementos que funcionam em tempo real, como fogo crepitante ou janelas que podem ser destruídas por zumbis e Lickers. O resultado é um susto a cada esquina e jogadores sempre tensos.
A trilha sonora também aparece como um ponto alto na construção da tensão. Pontuando a tensão de uma cidade destruída, as músicas compostas por Masami Ueda fazem um ótimo trabalho em nunca passar a impressão de segurança. Mesmo dentro da delegacia de polícia e, aparentemente protegido do mundo lá fora, há sempre a sensação de que algo está à espreita, prestes a pular em cima de você. Na maioria das vezes, essa impressão está correta.

A fórmula perfeita?

Remake de Resident Evil 2 é possível se os fãs quiserem, diz Capcom
Durante todo o tempo em que escrevia esta análise, fiquei pensando em algum ponto negativo de Resident Evil 2. Algo que maculasse a experiência ou algum elemento que não fosse tão legal assim. Não encontrei. A impressão é que cada aspecto do segundo game da série foi analisado minuciosamente, de forma a contribuir para o que é a melhor experiência com a franquia.
A mistura é tão perfeita que a Capcom jamais foi capaz de repetir um game como Resident Evil 2. Apesar de contar com diversos outros acertos, como o remake do primeiro jogo da série ou RE: Revelations, a franquia nunca mais viria a ser tão assustadora e jamais proporcionaria uma experiência livre de falhas.

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